Tornando-se lutador(a): a forja identitária entre

Tornando-se lutador(a): a forja identitária entre praticantes de MMA em academias da cidade de Vila Velha (ES)

 

Aurino Batinga dos Santos Neto

Gilvandro Oliveira Barros

João Flávio Valença dos Santos

Kelly Tavares Barbosa dos Santos

Sergio Santos Souza

Wesley Barreto Santos

 

O referido artigo dos autores Felipe Quintão, Cláudia Emília e Samuel Thomazini do ano de 2008, trata de uma pesquisa realizada em três academias especializadas na prática de MMA, uma prática corporal que ficou conhecida como Vale-Tudo, esporte caracterizado através do emprego de técnicas corporais surgidas a partir da união de várias artes marciais ou esportes de combate.

Wacquant (2002), afirma que o espaço da academia é de extrema importância para o crescimento e amadurecimento do atleta no que diz respeito a disciplina em vários aspectos, um deles seria auto controle na questão do pensamento violento que possa ocorrer em algumas situações de seu dia-a-dia, como é citado no texto:

“Todo atleta de MMA a vida de privação e de sacrifício sem a qual jamais tornar-se-ia um guerreiro, um gladiador, como os lutadores/lutadora gosta de referir a si próprios. O que escapa a esse propósito, como as brigas de rua, representam entre eles um comportamento totalmente contrário a forja de um lutador de verdade.”

 

Segundo Waquant, 2002, comenta como mestre das artes marciais se torna mais que um instrutor ou técnico para o aluno, sendo o mesmo reconhecido como pai pelo fato de passar um pensamento ético e disciplinar, formando um cidadão moral e socialmente correto como ele mesmo cometa:

“O mestre é mais do que um instrutor/técnico, sendo reconhecida não apenas por seu capital de competência na prática do esporte em questão, mas também por exceder uma influencia moral e autoridade na relação que mantém com seus alunos. Desse modo, se as academias constituem escolas da moralidade.”

 

         Seguindo essa mesma linha de pensamento, Ceccheto, 2004, explica como o lutador segue os exemplos dado pelo seu mestre, demonstrando assim como um professor de artes marciais pode formar também lutadores agressivos e indisciplinados.

No texto também é citado como o atleta se adapta as dores causadas pelas longas seções de treinamento suportando assim a prática da luta durante determinado tempo sem obter lesões mais graves. Para os atletas, o reconhecimento da dor como elemento intrínseco a construção do corpo do guerreiro é um pré-requisito comum não só aos lutadores/lutadora de seu campo de trabalho, mas trata-se de um componente fundamental da forja de qualquer praticante de esporte de combate. 

Por fim o texto comenta sobre o sparring como uma forma do lutador se adaptar não somente a dor física, mas também a emoção de estar em uma situação crítica desencadeada pelas trocas de socos e pontapés, sendo este mais um poderoso elemento da constituição identitária do lutador(a) de MMA.